TRADUÇÃO
ITALIANO
Professor responsável: Gian Luigi de Rosa (Roma 3/IFALA)
A legendagem interlinguística é a transposição escrita de um texto audiovisual para uma outra língua diferente e permite propor – através de um texto escrito posto na parte baixa e central da tela – uma tradução condensada dos diálogos originais. Entretanto, assim como acontece com outras modalidades de Tradução Audiovisual, a legendagem está subordinada a diferentes sistemas semióticos verbais e não verbais, acústicos e visuais. Além disso, passando-se de um código oral a um código escrito, realiza-se uma transposição em termos diamésico que determina a definição da legendagem como modalidade tradutória diagonal (Gottlieb, 1994).
As escolhas tradutórias de quem legenda são limitadas pela presença de elementos não-verbais, bem como pelos vínculos espaço-temporais, como: a) disposição das legendas na tela (normalmente em baixo e no centro); b) espaço a ser utilizado (2/3 em extensão); c) comprimento das linhas (33-40 caracteres; melhor não produzir legendas com menos de 4-5 caracteres); d) tempo de exposição (de um segundo e meio para as legendas mais curtas aos 6-7 segundos para as legendas mais compridas); e) legibilidade (vinculada à escolha do caráter e à parte de tela onde aparecem as legendas); f) spotting/segmentação (distribuição do texto: máximo duas linhas) e g) timing de entrada e de saída das legendas (não se trata de uma sincronização rígida como no caso da dublagem).
A transformação diamésica obriga aquele que legenda a adaptar a fala do original às convenções da linguagem escrita e, muito frequentemente, isso implica uma elevação em termos diafásicos. Podemos afirmar, portanto, que a dimensão tradutória da legendagem tem uma composição que poderíamos definir como tridimensional, na qual se combinam, na prática do processo tradutório, a tradução propriamente dita, a redução do tecido lexical e a transformação diamésica (da fala para a escrita).
Quanto às estratégias tradutórias, é importante distinguir macroestratégias e microestratégias: as macroestratégias enfocam o processo tradutório na sua complexidade (Source-text oriented macrostrategy e Target-text oriented macrostrategy), enquanto as microestratégias lidam com específicos problemas de tradução nos níveis de palavras e frases (Schjoldager et al., 2008, p. 89). Uma vez que se decide a macroestratégia, pode-se adotar uma ou mais microestratégias tradutórias, conforme o gênero, a tipologia textual, o destinatário, o status e a estrutura das línguas envolvidas no processo tradutório e, enfim, o grau de (in)traduzibilidade devido à distância/proximidade entre a língua do texto original e a língua do texto de chegada. Existem vários modelos de microestratégias tradutórias, adoptados por profissionais da tradução audiovisual. Gottlieb (1992, p.166) distingue dez tipologias:
Type of strategy | Character of translation | Media Specific Type |
1. Expansion | Expanded expression, adequate rendering (culture-specific references etc) | No! |
2. Paraphrase | Altered expression, adequate content (non-visualised language-specific phenomena) | No! |
3. Transfer | Full expression, adequate rendering (‘neutral’ discourse – slow tempo) | No! |
4. Imitation | Identical expression, equivalent rendering (proper nouns, international greetings etc.) | No! |
5. Transcription | Anomalous expression, adequate rendering (non-standard speech etc.) | Yes! |
6. Dislocation | Differing expression, adjusted content (musical or visualised language-specific phenomena) | Yes! |
7. Condensation | Condensed expression, concise rendering (normal speech) | Yes! |
8. Decimation | Abridged expression, reduced content (fast speech of some importance) | Yes! |
9. Deletion | Omitted expression, no verbal content (fast speech of less importance) | Yes! |
10. Resignation | Differing expression, distorted content (‘untranslatable’ elements) | No! |
Mesmo se se apresenta extremamente detalhado, o modelo de Gottlieb é difícil de se aplicar – como foi já demonstrado por outros pesquisadores (Perego 2005 p. 119), – pelo fato que, às vezes, as diferenças entre as várias estratégias são quase imperceptíveis. A necessidade de simplificar esse modelo foi sentido por vários autores, entre eles Gambier (2007), que propôs três microestratégias:
1) réduction (redução);
2) simplification de la syntaxe (simplificação da sintaxe); e
3) expansion (expansão)
e Lomheim (1999, p. 202), que, sintetizando o modelo de Gottlieb formulou seis microestratégias:
1) Omission (omissão de elementos);
2) Compression (transmitir a mensagem de forma mais compacta);
3) Expansion (adicionar informação);
4) Generalisation (ou Hiperonímia; substituir uma palavra por um hiperônimo);
5) Specification (ou Hiponímia; substituir uma palavra por um hipônimo); e
6) Neutralisation (substituir uma palavra com um significado conotativo por uma neutra).
Além de algumas diferenças e pontos de contato entre os modelos de Gottlieb e Lomheim (Perego 2005; Georgakopoulou 2010), Bianchi (2015, p. 10) evidencia como esses dois modelos podem se restringir a três macroáreas estratégicas: “reducing text length (text reduction); clarifying meaning (explicitation); and reformulating (reformulation)”. Por fim, o legendador, orientado pela macroestratégia tradutória escolhida (Source-text oriented e Target-text oriented), pode traduzir e legendar aplicando mais microestratégias ou confluir em uma ou mais macroáreas estratégicas.