TRADUÇÃO
INGLÊS
Professora responsável: Giovana Cordeiro Campos (UFF/LABESTRAD)
O Labestrad/UFF – Laboratório de Estudos da Tradução da UFF – é um projeto de extensão coordenado pelo Departamento de Letras Estrangeiras Modernas – GLE que objetiva a formação de tradutores, proporcionando um espaço privilegiado para prática da e reflexão sobre a tradução, em suas várias modalidades, a partir de demandas de tradução oriundas das comunidades interna e externa da UFF. O Labestrad/UFF atua, portanto, com ensino, pesquisa e extensão e, atualmente, conta com seis equipes de trabalho – alemão, espanhol, francês, inglês, italiano e russo –, as quais são compostas por docentes e discentes de graduação e de pós-graduação. Participam do projeto de tradução e legendagem da ENCIDIS as equipes do Labestrad de inglês, com as professoras Giovana Campos (Coordenadora do Labestrad/UFF) e Vanessa Hanes, e de francês, com a professora Monica Fiuza. Já o processo de tradução e legendagem para o italiano é coordenado pelo professor Gian Luigi de Rosa, da Universidade Roma 3. Como revisores terminológicos atuam as professoras Beatriz Caldas, da UERJ, e Gileade Godoi, do CEFET.
No mundo altamente globalizado, tecnológico e veloz da atualidade, a tradução é cada vez mais presente e necessária, porém considerada uma tarefa mecânica por boa parte daqueles que a consomem. Sob um olhar mais aprofundado, frente à diversidade cultural, à historicidade e à opacidade das línguas, a tradução se mostra complexa, visto que é modelada pelas condições de sua produção, as quais comumente envolvem relações assimétricas de poder. As “escolhas” do tradutor, tradicionalmente tão criticadas, não são livres como se pensa, sobretudo quando se consideram os fatores políticos, sociais e econômicos que constituem as atividades humanas e os sujeitos. Além disso, são vários os agentes que atuam na realização de uma tradução, e não apenas o(s) tradutor(es): há os solicitantes/contratantes, as empresas de tradução (com seus gerentes de projeto, consultores terminológicos etc.), os revisores e os editores, para citar apenas alguns, lembrando que é preciso, ainda, observar a aceitação do público receptor das traduções e as convenções de escrita e tradução em circulação.
Embora milenar enquanto prática, como campo de saber independente os chamados Estudos da Tradução se fundam somente em meados da década de 1970, propondo a tradução como processo cultural complexo, que é moldado pelo contexto socio-histórico e político-ideológico do tempo e lugar em que é realizado. Desde então, as modalidades de tradução e respectivas pesquisas têm se expandido, inclusive por sua relação com as chamadas “novas tecnologias”, abrangendo, por exemplo, interpretação simultânea, interpretação de língua de sinais, legendagem, audiodescrição, localização de sites, localização de games, tradução acadêmico-científica, tradução literária etc., demandando que se investigue sua realização, inclusive no que se refere às suas especificidades, procedimentos e efeitos.
A parceria entre o Labestrad/UFF e o Laboratório Arquivos do Sujeito (LAS), no que diz respeito à tradução dos videoverbetes da ENCIDIS, buscou pensar essas questões no campo da tradução acadêmico-científica em sua relação com a tradução audiovisual, mais especificamente a legendagem, bem como refletir sobre a divulgação de ciência do Brasil para fora de suas fronteiras. O projeto tem características particularmente interessantes, pois, no caso das equipes de inglês e de francês, envolve tradutores em formação traduzindo de sua língua materna para a língua estrangeira, cuja aprendizagem pelos discentes está ainda em curso, e em uma modalidade de tradução específica em que um texto oral é transformado em texto escrito, com toda a problemática que isso abarca. No caso da tradução para legendagem, o espectador precisa ver a imagem, ouvir o som e ser capaz de ler a legenda em milésimos de segundos (NAVES, 2016), o que faz com que a tradução para legendagem seja produzida a partir de síntese e simplificação, com o objetivo de facilitar a leitura e a compreensão das legendas. Além disso, um texto oral carrega marcas como hesitações, reconstruções e circunlóquios, muitas das quais não são aceitas na modalidade escrita. A tradução da Enciclopédia passa, ainda, por uma investigação sobre os processos atuais de divulgação de ciência produzida no Brasil e pelo questionamento de uma “americanização da ciência” (LECOURT, 1995; ORLANDI, 2003). Assim, são muitos os fatores a serem avaliados no processo de tradução e legendagem da ENCIDIS, que também envolve considerar os modos de dizer tanto no contexto fonte quanto nos possíveis contextos receptores das legendas.
Projetos como os da tradução da ENCIDIS no âmbito da parceria com o Labestrad/UFF contribuem não somente para a divulgação da ciência produzida no Brasil, mas para a formação dos discentes, tanto no sentido de um maior conhecimento das línguas envolvidas, quanto da relação entre elas, inclusive para o desenvolvimento de posturas críticas. Além da promoção de uma formação mais específica, que implica pensar e realizar a tradução e, em particular, a legendagem, há também iniciativas no campo do ensino da tradução, com a elaboração de material didático e de minicursos sobre tradução e legendagem, ministrados por discentes e docentes, dentro e fora da instituição. Por fim, a tradução audiovisual passou a fazer parte de ementas de disciplinas de graduação e de pós-graduação da UFF. A realização desse trabalho, que envolve pesquisa e aprendizagem, representa um incentivo importante para estudos e discussões sobre práticas a serem assumidas em diferentes espaços e contextos, propiciando o desenvolvimento acadêmico e profissional de discentes e docentes.
Labestrad – Laboratório de Estudos da Tradução da UFF
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